segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Bem bom - Rui Reininho

Na vida moderna parece que é mais importante parecer do que ser. Aparecer que recordar. Na realidade tanto faz.
Ninguém repara!
Ou se repara, ninguém liga ao reparo, o que não sendo o mesmo vai dar ao mesmo.
O brilho das coisas passou a ser mais importante que o seu verdadeiro valor, num elogio da aparência onde o que conta não é a substancia mas a impressão: dar a entender que se é, nunca se dizendo o que se é.
Ter uma história, não interessa qual. Uma. Porque quem tem história tem referências e na sociedade de hoje… contam mais as referências que as realidades.
No meio deste vazio há, no entanto, quem tenha tido uma história para contar. Quem já tenha tido uma mensagem. Aí o que conta é manter a coerência ou saber parar. Mas nestes tempos complexos, tão complexos como os de sempre, mas pior porque são complexidades que ainda não entendemos, ficar para trás, só nas memórias pode ser doloroso. Aí o que passa a ser importante é quebrar o esquecimento, mantendo meios de subsistência quer ela seja criativa, moral ou económica.
Não nos competindo julgar as motivações, vamos constatando que o próprio vazio da vida moderna, onde a criatividade parece ter sido entregue a máquinas, gera fenómenos de regressos de zombies, mais ou menos mortos, que se agarram ao passado tentando apagar o tempo. O hiato de tempo em que não existiram. Aí podem, tal como toda a história, voltar como comédia ou como tragédia.

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